Olá,

A um mês do início da COP 30, publicamos esta semana um alerta vindo diretamente da nossa parceria com o Pulitzer Center, o instituto de fomento ao jornalismo de relevância global com o qual compartilhamos a publicaçao de artigos exclusivos: “Não esqueçam da importância dos oceanos e ecossistemas marinhos durante as discussões sobre as mudanças climáticas”, escreveu em seu artigo a equipe da professora e pesquisadora da Universidade Federal de Santa Maria, Mariana Bender.

Mariana e seus colegas explicam como os ecossistemas marinhos são tão ou mais importantes que as florestas na função de capturar o carbono da atmosfera, mas mesmo assim tendem a ficar relegados a segundo plano nas discussões de cúpula sobre o clima. E pedem para que isso não se repita na COP 30.

Por outro lado, o professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Iraê Guerrini, especialista em fertilizantes, explica por que transformar a floresta em pé em um ativo econômico mais valioso do que sua derrubada é uma estratégia inteligente para reforçar a preservação dos ecossistemas terrestres. O assunto está em discussão no âmbito do Fundo Florestas Tropicais para sempre, iniciativa do Brasil e da Colômbia que será lançada durante a COP em Belém.

Esta semana também publicamos os perfis dos ganhadores do Prêmio Nobel 2025. E, mais que isso, análises em cima do laço, feitos por cientistas brasileiros, sobre a importância dos projetos premiados, explicando seus conceitos e excuções, e mostrando sua relevância para o desenvolvimento da ciência.

Outro artigo especial publicado essa semana aqui no TCB é o estudo feito pela pesquisadora principal do Laboratório de Estratégia, Governança e Filantropia para Transições Sustentáveis do Instituto Pensi, da Fundação José Luiz Setúbal (FJLS), Claudia Cheron König. Ela mostra que, mesmo amparadas pela lei, pessoas com deficiência, estudantes no espectro autista ou com altas habilidades (superdotados) em muitos casos ainda não encontram o atendimento educacional especializado a que têm direito. Quase a metade das escolas do Brasil ainda não tem os recursos humanos qualificados e a logística necessária para prestar esse serviço.

Que levantamentos como este possam ser o ponto de partida para uma mudança de cenário.

Boa leitura!

Daniel Stycer

Editor-chefe

Os impactos das mudanças do clima geralmente são mais associados aos ecossistemas terrestres, deixando em segundo plano a conexão com o oceano. Porém, a perda de ecossistemas costeiros, como recifes de coral (foto) e manguezais, que são importantíssimos fixadores de carbono, soma-se ao desmatamento das florestas para agravar ainda mais o problema, e não pode ser negligenciada. Foto: João Paulo Krajewski

Recifes e outros ecossistemas marinhos brasileiros também precisam ser prioridade na COP 30

Mariana Bender, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM); Guilherme Longo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); Leandra Gonçalves, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP); Marina Nasri Sissini, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Rafael Magris, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

É o momento de incluir a saúde dos oceanos nas discussões climáticas em Belém

Muito além do metanol: fiscalização frágil alimenta mercado bilionário de bebidas falsificadas que envenenam o Brasil há décadas

Roberto Uchôa de Oliveira Santos, Universidade de Coimbra

Substância que matou consumidores e segue colocando vidas em risco e espalhando pânico no país não chegou às garrafas por acaso: é consequência de uma cadeia de negligências e oportunidades criminais

Inclusão pela metade: 45% do público-alvo não têm atendimento educacional especializado no país

Claudia Cheron König, Instituto Pensi/Fundação José Luiz Setúbal (FJLS)

Apoio pedagógico necessário para remover as barreiras de aprendizagem e participação de crianças e jovens com deficiência, que estejam no espectro autista ou possuam altas habilidades ainda é muito aquém do necessário

Favelas e Estado: por que a informalidade urbana é parte do planejamento de muitas cidades, e não uma falha

Rafael da Costa Gonçalves de Almeida, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Marianna Fernandes Moreira, UERJ; Matheus da Silveira Grandi, UERJ

Desde o início do século XX, quando o termo favela passou a designar genericamente áreas populares de ocupação no Rio de Janeiro, esses espaços foram associados à ilegalidade e à marginalidade. Não é bem assim

Depoimento especial: o relato de como o acesso a um doutorado muda realidades no interior do Brasil

Gisely de Souza Santos, Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

Doutoranda reflete sobre as adaptações que ela, assim como as raízes que estuda, precisa fazer para crescer como pesquisadora mulher, negra, de origem humilde, profissional de saúde e educadora

Prêmio Nobel 2025

Nobel de Medicina revela como o sistema imune se regula e inspira terapias contra câncer e autoimunes

Helder Nakaya, Centro de Ensino e Pesquisa Einstein

Com as descobertas de Mary E. Brunkow, Fred Ramsdell e Shimon Sakaguchi, aprendemos uma lição poderosa: para nos proteger, o sistema imune precisa também saber parar de atacar.

László Krasznahorkai ganha o Nobel de Literatura de 2025: contos de alienação do romancista húngaro refletem nossos tempos

Bran Nicol, University of Surrey

Krasznahorkai é um escritor profundamente modernista, com uma fé inabalável na beleza e na arte.

Quando o mundo quântico toca a biologia: o Nobel de Física 2025 e as fronteiras entre matéria e vida

Marcelo Victor Pires de Sousa, Universidade Federal do Ceará (UFC)

O que o Nobel de Física deste ano ressalta é que até mesmo sistemas grandes (macroscópicos ou visíveis a olho nu) podem manter coerência quântica. Um lembrete de que as leis que regem átomos e fótons também moldam o comportamento da matéria viva

Gaiolas moleculares: desenvolvimento de redes metalorgânicas microscópicas levam o Nobel de Química

Antonio M. Rodríguez García, Universidad de Castilla-La Mancha; Antonio de la Hoz Ayuso, Universidad de Castilla-La Mancha; Enrique Díez Barra, Universidad de Castilla-La Mancha

As redes metalorgânicas, premiadas com o Nobel de Química de 2025, são a prova de que imaginar e construir estruturas átomo por átomo pode ter um impacto muito real em nossa vida cotidiana e na saúde do meio ambiente

De olho na Cop 30

Transformar a floresta em pé em um ativo econômico mais valioso do que sua derrubada é uma das estratégias possíveis para reforçar a preservação. Uma possibilidade é criar um Crédito de Conservação, vinculado ao carbono estocado na floresta e aos serviços ambientais que ela presta — regulação climática, biodiversidade, recursos hídricos etc. E isso não está mais só no campo da teoria: a Unesp já desenvolveu uma metodologia específica para quantificação desses serviços ambientais. Foto: Igor Tichonow / Envato

‘Fundo Florestas Tropicais para Sempre’ levanta questões sobre formas de financiar preservação

Iraê Guerrini, Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Derrubar floresta vale mais que mantê-la. Porém, se o hectare de floresta em pé valer mais do que o de soja ou gado, a lógica se inverte

Ciência Animal

Uma aranha saltadora “Hyllus diardi”: este tipo de aranha está entre os poucos invertebrados com olhos grandes semelhantes a câmeras, como os encontrados na maioria dos vertebrados, e sua visão é mais nítida do que a de qualquer outra aranha, comparável à dos pombos ou gatos. Magdalena Teterdynko/Shutterstock

Como o mundo se parece aos olhos de uma aranha

Christopher Terrell Nield, Nottingham Trent University

As aranhas têm realmente mais medo de você do que você delas?

Outros destaques