Olá,

Tragédias anunciadas são uma rotina brasileira. Especialmente no controverso ramo da atividade mineradora. Diversos exploradores do subsolo no país já foram responsáveis por desabamentos, explosões, inundações e contaminações, algumas com graves consequências para a vida humana e o meio ambiente - todas punições de severidade muito aquém dos impactos causados.

O último desastre anunciado do Brasil está em cartaz há cinco anos, mas só este mês ganhou as machetes e redes sociais mundo afora: o afundamento de cinco bairros inteiros da cidade de Maceió, capital de Alagoas, causado pelo lento e constante desmoronamento de camadas de subsolo explorado pela empresa Braskem para a extração de sal-gema.

Num dos artigos em destaque essa semana no The Conversation Brasil, uma análise de três mulheres cientistas, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Universidade de Brasília (UnB), traz as causas históricas e as consequências ambientais, sociais e econômicas desse imenso e silencioso problema que ocorre sob os pés dos alagoanos.

Também essa semana, outra tragédia que pode estar querendo se anunciar de novo - a da COVID - é tratada pelo sanitarista Gonzalo Vecina em artigo exclusivo, a partir da constatação de que a cobertura da dose de reforço da vacina bivalente está muito aquém do esperado no Brasil, e isso pode gerar o recrudescimenhto da pandemia, sobretudo nas populaçÕes mais velhas e imunocomprometidas.

E no nosso esforço por jogar luz sobre as questões ambientais amazônicas nesta última semana de COP-28, publicamos uma estudo sobre os impactos ambientais do projeto de derrocamento do Pedral do Lourenço, no Pará, para ampliação do corredor de transporte da hidrovia Araguaia-Tocantins. Uma obra polêmica, de evidentes impactos ambientais, cujo processo de licenciamento se arrasta há décadas, mas que deve finalmente começar a ser feita em 2024, para preocupação de cientistas da área ambiental. Entre eles, a pesquisadora Núcleo de Altos Estudos Amazônicos Marilena Loureiro, autora do artigo.

Por fim, a Amazônia também é objeto da nossa primeira participação na série de podcasts internacionais do The Conversation. O jornalista Cesar Baima, integrante da nossa equipe no Brasil, participou da edição dessa semana do The Conversation Weekly (em inglês), entrevistando o biólogo Philip Fearnside sobre a seca na região.

Boa leitura!

Daniel Stycer

Editor-chefe

Vista aérea do Mutange, um dos bairros atingidos pelo desastre causado pela pela Braskem em Maceió. Em 2023, a tragédia lenta e anunciada completa cinco anos e soma 57 mil pessoas atingidas, mas só agora chama atenção da sociedade. Foto de Jonathan Lins / Folhapress

Desastre anunciado, afundamento de mina de sal-gema em Maceió afeta toda a capital e proximidades

Marcele Elisa Fontana, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Natallya Levino, Universidade Federal de Alagoas (UFAL); Patricia Guarnieri, Universidade de Brasília (UnB)

O desastre da mina operada pela Braskem em Maceió, que ocorre desde 2018, já afetou mais de 55 mil pessoas e mais de 14 mil imóveis precisaram ser desocupados em cinco bairros da cidade

Análise: Precisamos de uma nova vacina contra a Covid-19 ou imunizar mais com a vacina atual?

Gonzalo Vecina Neto, Universidade de São Paulo (USP)

Mais do que ter uma vacina contra as novas subvariantes do vírus SARS-CoV-2, é preciso ampliar a vacinação contra a Covid-19 com a vacina bivalente.

Projeto histórico de ampliação da hidrovia Araguaia-Tocantins segue desconsiderando impacto para 22 comunidades ribeirinhas

Marilena Loureiro, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Segundo especialistas, obra que viabiliza o transporte de produtos do agro e da mineração afetará a vida e a fauna no rio Tocantins; hidrovia se sobrepõe às áreas de reprodução das tartarugas e outros quelônios.

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