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Olá, feliz 2025!
A posse de Donald Trump como 47º presidente dos Estados Unidos está marcada somente para o próximo dia 20, mas algumas de suas provocações - que incluem anexar o Canadá, usar as forças armadas para invadir a Groenlândia, renomear o Golfo do México como “Golfo da América” e recrudescer ainda mais a guerra comercial com a China - estão levando alguns líderes mundiais a manifestar preocupação com a política externa dos EUA.
É sobre as ameaças comerciais de Trump que trata o mais novo artigo dos pesquisadores do Observatório Político dos Estados Unidos (OPEU), que desde o ano passado vêm analisando em detalhes o conteúdo do Project 2025, o calhamaço de propostas republicanas ultraliberais para o futuro governo americano.
Para além da geopolítica, a mão pesada de Trump também já se faz sentir em outras esferas. E provavelmente está por trás da decisão anunciada esta semana pelo CEO da Meta, Mark Zuckerberg, de acabar com o atual sistema de moderação de conteúdo em plataformas como Facebook, Instagram e Threads.
“Ao abrir mão da checagem e adotar opiniões de leitores como balizadores da verdade em seus ecossistemas, a Meta se une ao X no desserviço de dar volume e velocidade à desinformação e a discursos extremos e de ódio”, afirma em seu artigo o pesquisador Gilberto Scofield Jr, da Universidade Federal Fluminense.
A propósito, o poder da Big Techs – e a necessidade urgente de regulamentá-las no Brasil – é o tema do artigo assinado por Juliano Borges, do IBICT. Livre-docente em Sociologia da Comunicação e professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Unesp, Danilo Rothberg também avalia que a nova e inesperada convergência entre jornalismo e poder público na crítica contra a Meta poderá eventualmente contribuir para ressuscitar o PL 2630.
Outra reação internacional importante contra a postura americana no campo da tecnologia foi a decisão da UNESCO e uma coalizão de cientistas de elegerem 2025 como o Ano Internacional da Tecnologia Quântica, num esforço para garantir acesso universal às oportunidades dessa nova tecnologia e contrapor interesses corporativos e militares dos EUA, conforme mostra em seu artigo o físico da Unesp Felipe Fanchini.
Os novos anos Trump estão apenas começando. Convém apertar bem os cintos para esta viagem.
Boa leitura!
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Daniel Stycer
Editor-chefe
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Protesto contra a Meta em Londres, no ano passado. No Brasil, a crítica do poder público à Meta foi certa e líquida – e devidamente repercutida pelas mídias industriais, que de qualquer forma já tinham outro motivo para criticar as mudanças. Para o autor, a nova e inesperada convergência entre jornalismo e poder público contra a Meta bem que poderia contribuir para ressuscitar o PL 2630.
AP Photo/Kirsty Wigglesworth
Danilo Rothberg, Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A sobrevivência do jornalismo industrial depende da manutenção do valor de seus padrões éticos de apuração, que tendem a perder força em um cenário no qual consumidores de desinformação se multiplicam.
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Gilberto Scofield Jr., Universidade Federal Fluminense (UFF)
Em nome da “liberdade de expressão”, Mark Zuckerberg anunciou medidas que transformarão suas plataformas digitais em terreno ainda mais fértil para a contaminação do debate público por conteúdos de desinformação e de ódio
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Juliano da Silva Borges, Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict)
A necessidade de regulamentação implica estabelecer regras de convivência em um ambiente descontrolado ou sujeito apenas ao controle privado, não necessariamente comprometido com os valores republicanos que deveriam guiar a vida pública
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Armando Alvares Garcia Júnior, UNIR - Universidad Internacional de La Rioja
Oposição e grande parte da comunidade internacional, liderada pelos EUA, apontam reforma constitucional recém-anunciada como novo artifício do governo para fortalecer o chavismo às custas de repressão e perpetuação no poder
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Felipe Fanchini, Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) vai se dedicar a popularizar o debate sobre as aplicações, os riscos e a importância estratégica da física quântica no nosso cotidiano
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Rafael Seabra, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Lucas Amorim, Observatório Político dos Estados Unidos (OPEU); Marcus Tavares, Observatório Político dos Estados Unidos (OPEU)
Planos para o futuro governo Trump incluem a promoção do descrédito das organizações multilaterais, oposição às agendas climáticas e de equidade, e uma postura explícita de enfrentamento à China no âmbito do comércio
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Jon Keeley, University of California, Los Angeles
Os ventos secos e fortes que descem as montanhas em direção à costa do sul da Califórnia em janeiro este ano foram muito mais violentos, alimentando e espalhando incêndios florestais que atingiram a área urbana de diversos bairros da cidade
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Outros destaques
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Albert Van Dijk, Australian National University
De rios secos a plantações e cidades inundadas, o aumento das temperaturas em 2024 causou estragos no ciclo da água, desafio tanto para as pessoas quanto para a natureza
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Lewis Endlar, Keele University
Aqui estão algumas das mudanças na tecnologia que podemos esperar ver em 2025.
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Adriana Gioda, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)
A queima de fogos libera diversos poluentes. Um dos mais preocupantes é o Material Particulado, uma poeira tóxica ultrafina capaz de entrar profundamente no sistema respiratório.
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David Freire-Obregón, Universidad de Las Palmas de Gran Canaria; Oliverio Jesús Santana Jaria, Universidad de Las Palmas de Gran Canaria
Picasso fez 66 esboços antes de pintar “Guernica”. Hoje, a IA gera milhares de esboços em um instante.
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Natalia Lawrence, University of Exeter; Elisa Becker, University of Oxford; Sophie Hearn, University of Exeter
Em 2024, 25 milhões de pessoas deixaram de comer carne por causa do Janeiro Vegano. Para muitos, foi uma mudança duradoura.
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Dan-Dan Zhang, Lund University; Gabriele Uhl, University of Greifswald; Hong-Lei Wang, Lund University
Como as aranhas não têm antenas como os insetos, há muito tempo é um mistério como elas conseguem sentir o cheiro.
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Steve Taylor, Leeds Beckett University
Em experiências de dilatação do tempo, o tempo normalmente parece se expandir em muitas ordens de magnitude.
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