Desde que entrou no ar, quase um ano atrás, o The Conversation Brasil tem se esforçado para incluir entre suas prioridades editoriais a publicação de artigos de pesquisadores dedicados a estudar o racismo no Brasil, e da luta de entidades civis e instituições de pesquisa pela redução do preconceito racial que ainda se manifesta, em maior ou menos grau, em praticamente todos os nossos estratos sociais.

Hoje, além de uma produção cada vez mais consolidada sobre o tema, ampliamos consideravelmente o percentual de negros e indígenas na comunidade de cientistas e pesquisadores que colaboram regularmente para o The Conversation Brasil. E a semana que passou ilustra bem isso, como você poderá ver já no artigo que abre nossa edição desta sexta-feira, dia 12 de abril, onde Wladimir Gramacho (UnB) e equipe demonstram a importância dos telejornais na consciência coletiva sobre casos de racismo, ao estudar a cobertura midiática sobre a morte de um cidadão assassinado por seguranças de um supermercado em Porto Alegre, quatro anos atrás.

Também essa semana, publicamos o depoimento da primeira cientista preta nível 1a do CNPq, a botânica Rosy Mary dos Santos Isaías, da UFMG. Ela conta, de forma emocionada, um pouco da sua trajetória profissional e da sua luta pessoal contra o preconceito racial.

A luta de Rosy Mary teria sido mais fácil se já houvesse no Brasil uma política clara de educação antirracista nas escolas. O que claramente ainda não há, e é o que mostra o artigo das professoras Ana Maria Klein e Juliana dos Santos Costa, da Unesp, que aponta a falta de referências históricas positivas como um relevante fator de dificuldade na construção de uma identidade étnico-racial entre crianças e jovens negros nas escolas brasileiras.

Por fim, mas não menos importante, destacamos o texto que marcou o Dia Mundial de Combate ao Câncer, ocorrido em 8 de abril, e o artigo do ex-policial civil e doutorando em Ciências Sociais pela Universidade de Coimbra Roberto Uchôa de Oliveira, que debate o crescimento do número das Guardas Municipais armadas no Brasil, e os riscos que isso representa.

Boa leitura!

Daniel Stycer

Editor-chefe

Manifestação na loja do supermercado Carrefour de Porto Alegre onde o mecânico João Alberto Silveira Freitas foi espancado e morto, em 2020: pesquisa mostra que o caso é consideravelmente mais lembrado pelos telespectadores dos jornais que deram destaque ao caso. AP Photo/Bruna Prado

Direitos humanos: Por que a cobertura dos telejornais é uma proteção contra o racismo no Brasil

Wladimir Gramacho, Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (FAC/UnB); Carlos Oliveira, Universidade de Brasília (UnB)

Para superar o racismo estrutural e reparar prejuízos históricos, é essencial que episódios como a morte de João Alberto sejam colocados em evidência midiática.

Reconhecer preconceitos históricos é o primeiro passo para uma educação antirracista nas escolas brasileiras

Ana Maria Klein e Juliana dos Santos Costa, Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Espaço escolar é fundamental para construção da identidade, mas ausência de referências identitárias negras positivas e violência racial tornam urgente o fortalecimento de uma educação antirracista

Debate sobre as Guardas Municipais no Brasil vai muito além do uso de armas de fogo

Roberto Uchôa de Oliveira Santos, Universidade de Coimbra

A discussão sobre o armamento das Guardas Municipais pode estar atropelando o debate sobre a verdadeira função das forças de segurança locais nas cidades brasileiras.

O câncer é questão de saúde pública, mas não está entre as prioridades dos governos no Brasil

Luciana Holtz de Camargo Barros, Instituto Oncoguia

8 de abril é, junto com 4 de fevereiro, um dos Dias Mundiais de Combate ao Câncer, doença que se torna a cada dia comum, por conta do envelhecimento da população

Primeira pesquisadora negra nível 1A do CNPq: “quantidade de melanina não dita competência”

Rosy Mary dos Santos Isaias, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Para alcançar o nível 1A, pesquisadores têm que demonstrar capacidade de liderança científica na sua instituição e nacionalmente. Mulheres e negros ainda são subrepresentados nessa categoria

Outros destaques

Estudo de referência revela uma nova “árvore da vida” para todas as aves atuais

Jacqueline Nguyen, Flinders University; Simon Ho, University of Sydney

A extinção dos dinossauros provocou uma explosão de espécies de aves, de acordo com o maior estudo já realizado sobre a genética das aves.

 

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