O que faria Jesus?
Reflexões do Leonard Tapiwa Makoni, Diretor da União Bíblica Zimbábue
A Chipo (não é o seu nome verdadeiro) tem 12 anos, é a segunda filha e a terceira descendente de uma família de quatro filhos. Ela mora em uma choupana de sapé com a mãe e dois irmãos, de 14 e 7 anos. Tipicamente, eles comem uma refeição principal por dia, feita com cevada fervida. A mãe é frágil, pálida e definhada mais pelas opressões exteriores do que pelas enfermidades do seu corpo.
Esta família foi levada de volta à sua casa rural depois de passar pouco mais de um ano nas ruas de uma das nossas maiores cidades. Quando a seca atingiu a área em que viviam, o pai se viu forçado a levar todos para a cidade para sobreviver. Depois de visitar, por dois meses, um centro de contato da União Bíblica, onde eles tinham acesso a comida, água limpa, e um lugar seguro para brincar, Chipo e seu irmãozinho guiaram a equipe da União Bíblica ao resto da família. Os quatro foram ajudados a voltar para casa, enquanto o pai permaneceu com a nova esposa que arranjou entre as mulheres que vivem nas ruas. A primeira filha, de 16 anos, engravidou-se de um dos rapazes de rua.
Quando alguém perguntou sobre a situação da família, descobriu que nenhum auxílio lhes vinha da comunidade, incluindo da igreja. Com olhos cheios d´água, a mãe da Chipo explicou que ela tem que vender parte da ajuda alimentar que recebe mensalmente para poder pagar uma taxa de 10 dólares à sua igreja para assegurar que a sua igreja ajudará seus filhos a enterrá-la quando ela falecer!
O caso da Chipo é uma das muitas histórias em que a igreja torna o sofrimento ainda maior.
Embora a igreja esteja se expandindo em números, está encolhendo em amor e compaixão. Para muitos de seus líderes, a “igreja” se tornou uma especulação comercial que não paga impostos e cujo poder absoluto não é questionado. Mais recursos são gastos em prédios elaborados com tecnologia avançada às custas do povo de Deus. Muitos líderes são “mini-astros” a serem servidos, ao invés de ministros que servem com amor e compaixão. Nós nos tornamos um sal que perdeu a sua salinidade.
Deus nos convida a fazer o verdadeiro “jejum”: Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo, e que deixes livres os quebrantados, e que despedaces todo o jugo? Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto e recolhas em casa os pobres desterrados? E, vendo o nu, o cubras e não te escondas daquele que é da tua carne? Isaías 58:6-7 (SBB online, ARC)
Reflexão:
1. Ostentamos e exageramos, algumas vezes, o nosso desempenho a serviço de Deus? Falamos frequentemente sobre as coisas boas que fazemos; entretanto, o desafio real é: vemos nós os pobres e necessitados ao nosso redor e paramos para ajudá-los?
2. Quem é o pobre, o oprimido, o sem teto, o nu e o encarcerado da nossa comunidade? Mateus 25:34-36 nos apresenta um desafio – estará a nossa igreja entre aquelas que são encontradas cuidando dos pobres?
3. Desenvolvam um plano do que farão como indivíduos, grupo ou igreja para cobrir as necessidades das pessoas de sua família, igreja e comunidade em geral que precisam sentir Deus em suas vidas.
Oremos para que Deus use as igrejas locais, em cidades e zonas rurais, para que elas estejam presentes e sejam sustentadoras de suas comunidades, respondendo com amor a todos os necessitados.
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